sexta-feira, 30 de novembro de 2012

VI Encontro de Arqueologia do Sudoeste Peninsular – contributo do Projecto ESTELA


Já aqui anteriormente noticiámos a participação do Projecto ESTELA no VI Encontro de Arqueologia do Sudoeste Peninsular realizado em Villafranca de los Barros (Badajoz), entre os dias 4 e 6 de Outubro. Este contou com a apresentação da comunicação “A necrópole da Abóboda (Almodôvar): Trabalhos Arqueológicos 2010/ 2011” que contou com o seguinte Resumo:


A escavação arqueológica na necrópole da Idade do Ferro da Abóbada decorreu no âmbito do Projecto ESTELA. Tinha como objectivo a caracterização do local de proveniência da chamada “Estela do Guerreiro”, identificada em 1972 e assim apelidada por representar ao centro da inscrição com escrita do Sudoeste uma figura humana interpretada como um guerreiro.


O resultado dos trabalhos aí desenvolvidos entre 2010 e 2011 permitiram reunir um conjunto de Informação quanto à cronologia, tipo de estruturas funerárias e documentar os respetivos rituais funerários. Apesar da sua afectação pela lavra mecânica, foi possível registar a presença de dois monumentos funerários pétreos quadrangulares e de diversos covacho sem fossa simples com deposição secundária das cremações.

Os restos humanos apresentam-se completamente calcinados e a sua fragmentação é muito elevada. Foram depositados diretamente no solo sem recurso a urna e as evidências sugerem que a cremação se terá dado pouco tempo após a morte, com os tecidos moles ainda presentes


Estes trabalhos contaram com a colaboração dos alunos do Curso de Arqueologia da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, de David Gonçalves, Amílcar Guerra, Carlos Fabião (Universidade de Lisboa) e da Câmara Municipal de Almodôvar aos quais agradecemos.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Novo material promocional do Museu da Escrita do Sudoeste

 

Foi divulgado o novo material promocional do Museu da Escrita do Sudoeste de Almodôvar (canecas, porta-chaves, pins, lápis, réplicas da estela I da Abóbada e t-shirts) que pode ser adquirido na sua loja/recepção. Também foi apresentada a imagem gráfica do Museu e a nova indumentária para os seus funcionários.
 

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Participação do Projecto ESTELA no VI Encontro de Arqueologia do Sudoeste Peninsular

Terá lugar em Villafranca de los Barros (Badajoz), entre os dias 4 e 6 de Outubro, o VI Encontro de Arqueologia do Sudoeste Peninsular, numa organização conjunta do Ayuntamiento Villafranca de los Barros, do Instituto de Arqueología de Mérida, do Gobierno de Extremadura, da Universidade de Huelva, do IGESPAR I.P. e da DRC Alentejo.

O Projecto Estela, em parceria com alguns dos seus colaboradores, irá apresentar a seguinte comunicação: “A necrópole da Abóboda (Almodôvar)” da autoria de Samuel Melro, Pedro Barros e David Gonçalves.

Mais informação sobre o VI Encontro de Arqueologia do Sudoeste Peninsular disponível aqui.

SIDEREUM ANA III – contributo do Projecto ESTELA

 
aqui anteriormente noticiámos a participação do Projecto ESTELA na reunião científica do Sidereum Ana III realizado em Mérida entre os dias 19 e 21 de Setembro. Esta contou com a apresentação de uma comunicação da qual se junta o Resumo:

Contributos para a Idade do Ferro entre o Baixo Alentejo e o Algarve: o Projecto ESTELA
 
Desde 2008 que o Projecto ESTELA procede à sistematização da informação das estelas com escrita do Sudoeste através da caracterização dos contextos arqueológicos. Procura-se equilibrar o percurso da investigação até aqui essencialmente centrada nos monumentos e na escrita, coligindo-se dados para a revisão dos conhecimentos sobre a sociedade que produziu esses monumentos e contribuindo para se compreender as directas relações entre espaço habitacional, o mundo funerário e as inscrições.

A importância dessa problemática reside no facto da escrita do Sudoeste ter sido um dos principais suportes de um dos primeiros modelos explicativos do I milénio a.C., no qual as estelas epigrafadas coroavam a expressão de um eloquente mundo funerário da designada I Idade do Ferro de cariz mediterrânico e que, contrastaria com uma chamada II Idade do Ferro de influência celtizante na qual a epigrafia desaparece.

Os trabalhos desenvolvidos referem-se a prospeções que tiveram lugar nos concelhos de Almodôvar e Loulé. Estas permitiram realizar uma análise espacial onde se identificam uma série de eixos de ocupação ao longo do I milénio a.C., entre a planície e a serra, localizados sobretudo pelos vales dos cursos de água que irradiam da Serra do Caldeirão e em menor percentagem nas zonas de cumeada (planaltos).

A distribuição interior desta epigrafia, estruturada nesse território de montanha, permanece assim como uma das questões chave, não apenas dada a diferença que oferece relativamente aos ambientes litorais de cronologia mais antiga, mas também pela sua ausência no novo mundo de necrópoles em torno de Beja.

Outra problemática refere-se à sua cronologia. No quadro de análise crítica do modelo acima referido, em grande parte resultante da revisão cronológica do espólio dos sítios do “Ferro de Ourique” intervencionados na década de 70 do século XX, para momentos mais tardios em torno dos séculos VI/ V a.C., em contraste com o enquadramento inicialmente proposto, também se reequaciona o enquadramento desta epigrafia. Contudo, os contextos das estelas não foram questionados, quando a maioria das epigrafes resulta de achados isolados, de associações de proximidade a necrópoles sem contexto ou reaproveitadas em contextos secundários. Outras, como as da Mealha-a-Nova, Pardieiro e Neves 2 levantam fortes reservas na sua atribuição directa a contextos primários. Desta forma, a escrita do Sudoeste apesar das dificuldades em precisar os seus limites cronológicos deve decorrer num curto intervalo de tempo – centrado entre os meados do século VII a.C. e os inícios do século VI a.C., cronologia corroborada pelo reaproveitamento de uma epígrafe na necrópole de Medellín numa estrutura tumular do último quartel do século VI a.C.. Problematiza-se assim sobre qual a razão para a sua reutilização nos empedrados tumulares das necrópoles, até que ponto as estelas mantêm a sua função funerária, ou teriam tido outro carga simbólica como a re-necropolização da paisagem ou a “legitimização” do mundo rural dito “pós-orientalizante”.

Para além do trabalho de prospecção desenvolvem-se algumas escavações localizadas em sítios que se consideram poder contribuir para o esclarecimento de algumas questões relacionadas com esta temática. O povoado da Portela da Arca remete para a presença de um conjunto habitacional enquadrado nos meados do I milénio e em clara associação à ocupação da zona, nomeadamente a necrópole de Mouriços (composta por dois monumentos, um circular sobreposto por outro retangular, e de onde provêm duas pontas e dois contos de lança em ferro, tal como os fragmentos de uma faca com rebites) enquadrado no século VI/ V a.C..

Outra das intervenções realizou-se na necrópole da Idade do Ferro da Abóbada, com o objectivo de caracterizar o local de proveniência das suas estelas, sobretudo da estela apelidada do “guerreiro”. Conforme já era referido pelos seus descobridores Manuela Alves Dias e Luís Coelho, podemos ainda hoje observar duas estruturas tumulares e locais de cremações. No entanto o conhecimento que se obteve com a intervenção permite entender melhor este sítio. Numa disposição gregária, as duas estruturas, erguidas sobre uma prévia preparação do solo, revelam empedrados quadrangulares com um covacho/ sepultura escavado na base do afloramento rochoso e possivelmente seriam cobertas por um tumulus de pedra e terra. Foram ainda identificados alguns conjuntos de restos osteológicos cremados de origem humana em deposição secundária, que contam com duas formas de enterramento: cinco sepulturas escavadas diretamente no solo sem vestígios de ter havido recurso a qualquer contentor e uma outra, também em fossa simples, mas com recurso a uma urna e de onde provinha a referida estela I da Abóbada. Estas sepulturas revelam dados sobre o ritual funerário, nestes casos os indivíduos – muito provalvelmente, logo após a sua morte - eram cremados num local diferente de onde eram depositados e que a recolha de ossos calcinados da pira não considerava a totalidade do indivíduo, mostram ainda que os ossos foram sujeitos a uma intensidade de combustão elevada com o objetivo de atingir a cremação completa dos indivíduos todos adultos (um deles possivelmente masculino). O parco espólio encontrado, nomeadamente a urna e a ponta e o conto de lança remetem para uma cronologia entre os finais do século VI e os meados do século IV a.C..

Pretende-se assim apresentar o balanço e resultados do Projecto ESTELA, contribuir para o conhecimento das principais problemáticas em torno deste tema e fornecer mais dados para a explicação desta importante manifestação cultural.
 
Estes trabalhos contaram com a colaboração dos alunos do Curso de Arqueologia da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, de Susana Estrela, David Gonçalves, Amílcar Guerra, Carlos Fabião (Universidade de Lisboa), da Câmara Municipal de Almodôvar e Associação Arqueológica do Algarve aos quais agradecemos.
 

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Conferência do Projecto ESTELA no SIDEREUM ANA III


No âmbito da reunião científica do SIDEREUM ANA III, sob o tema “El río Guadiana y Tartessos”, organizada por Javier Jiménez Ávila do Instituto de Arqueología de Mérida, que vai ter lugar entre 19 e 21 de Setembro em Mérida, o Projecto ESTELA vai participar com uma conferência intitulada: “Contributos para a Idade do Ferro no Baixo Alentejo: o Projecto Estela”.

 
Esta terceira reunião continua o objectivo de “intensificar a investigação arqueológica sobre a Proto-História do vale do Guadiana e fomentar os contactos científicos entre os arqueólogos espanhóis e portugueses que desenvolvem a sua actividade ao longo deste rio”. A atenção desta edição é para os “momentos centrais da Idade do Ferro no Sudoeste” entre o Bronze Final e o período Post-Orientalizante.

Aqui também serão apresentados os resultados dos últimos e “espectulares achados das necrópoles da zona de Beja, de Mérida e os ligados ao mundo Fenício junto à foz do rio, para além de muitos outros estudos resultado da investigação sobre Tartessos e do Guadiana Sidérico”. Junto anexa-se o programa e a ficha de inscrição.
 

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Estela com escrita do Sudoeste do Tavilhão I, do Monte da Portela (Loulé)


O Projecto Estela colaborou com o Museu Municipal de Faro (Câmara Municipal de Faro) na divulgação online de uma das suas peças mais emblemáticas.

O texto refere-se à Estela com escrita do Sudoeste do Tavilhão I, do Monte da Portela (Loulé) encontrada por José Rosa Madeira, natural do Ameixial (Loulé) e dada a conhecer por José Leite de Vasconcelos, depois de a ver no Museu Municipal de Faro em 1933. Esta faz parte de um conjunto de 12 estelas com escrita do Sudoeste localizado numa área concentrada, nos limites dos concelhos de Loulé e de Almodôvar.
 
Tendo por base o artigo “As Estelas com escrita do Sudoeste do concelho de Loulé” que está previso sair no próximo número da Revista do Arquivo Histórico Municipal de Loulé - Al-'Ulyã, apresenta-se esta peça de uma forma generalista e contribui-se para o esclarecimento da sua localização, trabalho resultante da investigação arqueológica empreendida pelo Projecto ESTELA naquele concelho algarvio.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Laboratório de Arqueociências coopera com o Projecto Estela


No âmbito do Projecto de Investigação Plurianual que se encontra a decorrer, o Projecto Estela: investigação em torno da escrita do Sudoeste, participou num concurso que tinha como objectivo “dar início a um novo programa de cooperação científica com a Comunidade Arqueológica Nacional” com “a realização de estudos específicos e prestação de serviços nas áreas da Arqueozoologia, Paleobotânica e Geoarqueologia”. Este concurso foi promovido pelo então Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR, IP), através da participação directa do seu Laboratório de Arqueociências.
A proposta entregue tem como objectivo contribuir para a resolução de questões sobre a natureza, composição e origem de alguns sedimentos identificados durante os trabalhos de escavação arqueológica e que se julgam fundamentais para a compreensão dos sítios, incidindo nas áreas disciplinares de Geoarqueologia e Paleobotânica.
Após avaliação, a candidatura do Projecto Estela foi uma das quatro selecionadas e já contou com uma primeira visita ao terreno de Ana Costa e Randi Danielsen.

 

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Associação Arqueológica do Algarve apoia o Projecto Estela

A Associação Arqueológica do Algarve, com quem se tem colaborado, atribuiu uma bolsa de apoio ao Projecto ESTELA para a concretização de alguns dos seus objectivos, nomeadamente para o estudo das colecções arqueológicas depositadas nos museus, para o estudo laboratorial dos restos osteológicos humanos das cremações da necrópole da Abóboda, e para a conclusão dos trabalhos de prospecção arqueológica nos concelhos de Almodôvar e Loulé.
Os restos humanos da necrópole da Abóboda consistem em deposições secundárias sem recurso a urna, excepto num caso. Após a cremação, os ossos foram directamente sepultados no solo. Apesar da fragmentação elevada, estes ossos ainda encerram em si informações preciosas sobre as práticas funerárias das populações que habitaram a região durante a Idade do Ferro.  
A partir de uma análise dos restos humanos, pretende-se por isso determinar alguns aspectos relacionados com a cremação – a sua intensidade e extensão – e com o perfil biológico dos indivíduos - sexo e idade - que compõem a amostra. Desejavelmente, estes dados permitirão obter informação acerca da mentalidade e prática funerária dos habitantes locais. 
Adoptando uma escala de análise mais alargada, este trabalho contribuirá também para um olhar mais abrangente sobre o conjunto de populações que partilharam a mesma cronologia e a mesma geografia.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Reportagem da escavação da Portela da Arca


O jornal Sulinformação divulgou as escavações arqueológicas que decorreram durante o mês de Julho no sítio da Portela da Arca.


Este meio de imprensa reporta “toda a informação sobre o Algarve e Baixo Alentejo (e não só), num jornal criado em setembro de 2011 por um grupo de jornalistas profissionais”. Conta num dos seus objectivos “garantir o acesso livre dos seus leitores à informação” e tem, no seu estatuto editorial, “a divulgação do património histórico-cultural” como uma das suas convicções. O trabalho e a investigação jornalística foram feitos pela jornalista Elisabete Rodrigues.




quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Mesas do Castelinho na National Geographic



No número de Agosto da edição portuguesa da revista National Geographic é publicada uma breve síntese dos resultados obtidos com os trabalhos arqueológicos dirigidos por Carlos Fabião e Amílcar Guerra desde 1989 no sítio de Mesas do Castelinho – Almodôvar.

 

Em destaque são apresentadas infografias das duas grandes fases do povoado e algumas peças arqueológicas, nomeadamente uma cabeça humana de terracota encontrada num contexto secundário da Idade do Ferro e que sintetiza as iconografias mediterrânea (cabeça rapada e ausência de barba) e “céltica” (nariz pouco proeminente e olhos redondos e frontais). Actualmente, faz parte da exposição temporária Vida eMorte na Idade do Ferro, patente no Museu da Escrita do Sudoeste de Almodôvar.

domingo, 1 de julho de 2012

Campanha de escavação na Portela da Arca (Almodôvar)

No âmbito da continuação do Projecto Estela, um dos trabalhos planeados para o Verão de 2012 é a intervenção na Portela da Arca, no concelho de Almodôvar.


Os trabalhos arqueológicos propostos têm por objetivo aferir as observações induzidas pela prospeção e o recolher informação arqueológica que permite contribuir para o conhecimento da Idade do Ferro nesta área central do fenómeno da escrita do Sudoeste.

O sítio da Portela da Arca, descoberto em 2009, foi selecionado por se destacar como um dos poucos locais que se poderia interpretar como um contexto de eventual povoado. Inserido no conjunto de sítios do planalto dos Montes das Antas, junto da linha de festo entre o rio Mira e a Ribeira de Ferranhas, localiza-se entre as necrópoles da Idade do Ferro de Mouriços/ Antas de Cima (escavada no início dos anos 70 do século XX) e a necrópole da Abóbada (intervencionada entre 2010 e 2011 no âmbito deste projecto) o que reforça a escolha para aqui se realizarem trabalhos arqueológicos.


Aqui destaca-se um montículo artificial de terra disposto numa elevação entre dois barrancos, com declive mais acentuado a Norte, e apresenta alguns elementos pétreos dispersos e material cerâmico numa área superior a 300m2. Na abundante presença de material cerâmico que o contextualiza na Idade do Ferro salienta-se um conjunto de fragmentos com decoração que os situa entre os séculos VII e V a.C. e com paralelos mais próximos em Fernão Vaz (Ourique). Com o apoio logístico da Câmara Municipal de Almodôvar e com a colaboração da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, os trabalhos dirigidos pelos arqueólogos Samuel Melro e Pedro Barros irão decorrer até ao final de Julho. Na mesma altura decorrem os trabalhos no povoado das Mesas do Castelinho sob coordenação dos Profs. Dr. Carlos Fabião e Amílcar Guerra (UNIARQ).

terça-feira, 8 de maio de 2012

Mesas do Castelinho em Conferência 10 de Maio no Museu do Carmo

Conferência de Susana Estrela 
|10 de Maio - 18.00h. | 
Associação dos Arqueólogos Portugueses - Museu do Carmo

MESAS DO CASTELINHO (ALMODÔVAR)
UMA ALDEIA AMURALHADA NA PAISAGEM DA IDADE DO FERRO DO BAIXO ALENTEJO


Em finais do século V a.C. é fundado, numa paisagem marcadamente interior e de fronteira, o povoado de Mesas do Castelinho (Almodôvar, Baixo Alentejo). Delimitado por segmentos justapostos de muralhas, o local vem, aparentemente, romper com as antigas formas de povoamento conhecidas para a região baixo-alentejana.

Os dados saídos ao longo de mais de duas dezenas de anos de um projecto de investigação e analisados no âmbito de um trabalho académico de mestrado vêm demonstrar a existência de um aglomerado rural que pode ser interpretado como uma aldeia, com um desenho urbano que se define, mais do que apenas pelas suas muralhas, pelos espaços interiores que reflectem as actividades proporcionadas pela paisagem envolvente: exploração pecuária, agricultura, caça.

Esta ruralidade está patente no acervo material, com consideráveis quantidades de cerâmica produzida local ou regionalmente e, com muito menor expressão, através da presença de artigos importados desde paragens litorais.

No primeiro lote incluem-se os recipientes manuais com decorações incisas, que caracterizam o tradicional e conservador conjunto material da Idade do Ferro da região. Dele fazem parte, porém, os inovadores recipientes com matrizes impressas, uma das marcas definidoras da designada II Idade do Ferro.

A estes materiais cerâmicos associam-se artigos de origem mediterrânea, como a cerâmica ática, as contas de vidro, a cerâmica de “tipo Kouass”, as ânforas produzidas na baía gaditana, a cerâmica pintada em bandas, entre outros. 


O sítio, dissimulado na paisagem e implantado numa área com fracas aptidões naturais, na fronteira entre a serra do Caldeirão e a peneplanície alentejana, localizado junto a uma rota de pessoas e bens, revelará a sua importância na partilha dos artigos produzidos local ou regionalmente e, neste particular, das cerâmicas com matrizes impressas. Sempre muito diminutos no registo arqueológico de Mesas do Castelinho, os artigos importados demonstram a ausência de rupturas nos circuitos da sua distribuição pelo interior.

Estes sinais de continuidade prolongam-se até ao século II a.C., quando o registo material revela dos mais precoces contactos com o mundo romano conhecidos até ao momento para a região, com uma população que mantém as suas vivências intrinsecamente rurais, num povoado que já não utiliza a fortificação como perímetro e que constrói novos espaços habitacionais e de trabalho sobre as suas muralhas.
 Susana Estrela

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Visita da Universidade de Marburg a Almodôvar

As exposições do Museu da Escrita do Sudoeste (MESA) e o sítio arqueológico das Mesas do Castelinho em Almodôvar foram visitados pelos estudantes da Universidade de Marburg (Alemanha) no passado dia 23 de Março.


No âmbito de uma excursão de dez dias ao Sudoeste Peninsular, entre Torres Vedras e Cádis (passando pelas áreas de Mafra, Lisboa, Setúbal, Évora, Moura, Aljustrel, Portimão, Sagres, Huelva, Carmona, Munigua, Sevilha e Cádis), mais de duas dezenas de estudantes do 1º ao 3º ciclo acompanhados pelo Professor Claus Dobiat, a Directora do Instituto Arqueológico Alemán de Madrid Dirce Marzoli e o seu colega Michael Kunst, vieram a Almodôvar.


No MESA visitaram a exposição permanente dedicada à escrita do Sudoeste (1º piso) e a exposição temporária: Vida e Morte na Idade do Ferro que resultou da primeira fase do Projecto ESTELA - Sistematização da Informação das Estelas com escrita do Sudoeste.


Visitaram ainda o sítio arqueológico das Mesas do Castelinho, guiados pelos Profs. Amílcar Guerra e Carlos Fabião que trabalham no local há mais de 20 anos.

terça-feira, 27 de março de 2012

A Necrópole de Fonte Velha de Bensafrim (Lagos)


No âmbito do projecto da Carta Arqueológica do Algarve (1877-1878), conforme foi aqui referido, a necrópole de Fonte Velha de Bensafrim (Lagos) é alvo das atenções de Estácio da Veiga em Março de 1878. Anos mais tarde, em 1897, será a vez de António dos Santos Rocha (1853-1910) intervencionar o local. Na necrópole – desde logo identificada pelo primeiro como da “primeira idade do ferro” e das mais tardias para o segundo (Correia, 1996: 7), pelo que segundo Estácio da Veiga (1891) não se confundia com as necrópoles alentejanas para ele mais antigas –, existem ainda vestígios mais recentes de época romana imperial, nomeadamente contextos funerários de cremação.

 
Vista geral da zona da necrópole de Fonte Velha

 
Sobre as estelas com escrita do Sudoeste presentes nesta necrópole, Virgílio Hipólito Correia (1997 e 1997) procedeu à sua sistematização. As duas primeiras estelas – Fonte Velha I (J.1.3) e II (J.1.4) – haviam sido oferecidas a Estácio da Veiga em 1878 pelo prior de São Sebastião de Lagos. A estas somou-se-lhe uma terceira estela – Fonte Velha V (J.1.5) – fruto das escavações no local e que estaria reutilizada numa sepultura (Hübner, 1893). Igualmente reaproveitada na construção de uma outra sepultura estaria a estela recolhida por António dos Santos Rocha – Fonte Velha VI (J.1.1) –, hoje albergada no Museu Municipal da Figueira da Foz. A estas quatro estelas, somar-se-ia ainda uma outra estela – Fonte Velha III (J.1.2) – adquirida por José Leite de Vasconcellos para o Museu Nacional de Arqueologia. Nesta instituição encontram-se, desde então, as estelas I, II, III e V (Correia, 1997: 183). Virgílio Correia (1996: 59 e 60) considera que estas epígrafes reportam-se à 3ª fase da evolução da escrita do Sudoeste, atribuindo-lhes uma cronologia do século VI a.C..



Aquando da aquisição da última estela o então director do Museu Nacional de Arqueologia menciona a existência de um outro exemplar (Vasconcellos, 1897:185). Da estela hoje desaparecida – Fonte Velha IV –, apenas restou o seu perene desenho na obra de Estácio da Veiga Antiguidades Monumentaes do Algarve (1891). No entanto, este merece reservas na sua atribuição como sendo um exemplar com escrita do Sudoeste. O mesmo será de apontar ao grafito representado numa pequena pedra recolhida por Estácio da Veiga numa das sepulturas que intervencionou no local e para uma outra pedra gravada, de epigrafia discutível (Correia, 1997).

À luz dos nossos dias, são evidentes as limitações do registo arqueológico dos achados, tanto daqueles feitos quer por Estácio da Veiga como dos elaborados por António Santos Rocha. O enquadramento das duas estelas com escrita do Sudoeste é problemático, ou porque surgem num terreno vizinho à necrópole, ou porque não têm qualquer indicação precisa da sua proveniência ou contexto. As únicas descrições claras dizem respeito à sua utilização secundária no reaproveitamento de duas das sepulturas, não correspondendo com exatidão à afirmação de Estácio da Veiga (1891: 253) que “as pedras com inscripções peninsulares acham-se em todo aquelle campo; pois ellas é que formam os flancos ou os topos de algumas sepulturas, tendo os letreiros apontados para dentro”.

Ilustração da planta da necrópole de Fonte Velha reorientada
a partir de Estácio da Veiga (1886-1891) – apud Parreira e Barros, 2007.

Ilustração da planta da necrópole de Fonte Velha reorientada
a partir de Virgílio Correia (1996) – apud Parreira e Barros, 2007.

Considerada como uma das maiores necrópoles existentes (Beirão, 1986: 34), da zona intervencionada nos finais do século XIX referenciaram-se trinta sepulturas, genericamente descritas como tendo um formato cistóide, construídas com lajes de grés e calcário. Contudo uma destas parece estar dentro de uma estrutura tumular (Beirão, 1986: 34). Muitas terão sido violadas e o espólio mencionado é escasso, sendo difícil a sua associação às sepulturas intervencionadas. Da obra de Estácio da Veiga (1891), dos conjuntos que foram individualizados por sepulturas são indicados um anel de cobre e contas de vidro azul; um anel de ouro, contas de vidro azul-escuro e 3 braceletes de bronze; dois objectos de ferro, contas pretas oculadas a branco e duas argolas de bronze; contas multicolores e uma ponta de lança em ferro, fíbulas e fragmentos de cerâmicas. Das publicações de António Santos Rocha, surgem apenas referências genéricas a contas de colar, inclusive numa das sepulturas que continha uma inscrição reaproveitada (Correia, 1997), e a um disco em ouro que conta com paralelos orientais no seu modo de elaboração e decoração (Beirão 1986: 38).

Contas da necrópole da Fonte Velha de Bensafrim
(parte da Estampa XXVII, Estácio, 1891: 253)

A reconhecida importância da necrópole de Bensafrim acabou, no entanto, por cair em esquecimento, apesar da descoberta na zona de alguns achados não epigráficos e de outras épocas (Rocha, 1904; Viana et al., 1953: 107 e 114; Viana, 1955: 554).

Nos anos 30 do século XX, José Formosinho, Director do Museu de Lagos, voltou a escavar perto do mesmo local um conjunto de oito sepulturas (Viana et al., 1953: 114 e 117). Apesar destas intervenções, a necrópole da Fonte Velha de Bensafrim aguarda a publicação da sua relocalização, face aos reconhecidos problemas de compatibilização dos diferentes registos[1].

A informação disponível é deste modo ainda insuficiente para ultrapassar a problemática da contextualização das estelas nesta necrópole e do panorama geral. Tal como referiu Ana Margarida Arruda (2004), não se pode afirmar com “segurança, que as muitas lápides epigrafadas encontradas em numerosos locais do Barrocal algarvio […] correspondam a necrópoles, quer por ausência de informação contextual, quer pela sua possível reutilização na arquitectura sepulcral” (apud Barros e Parreira, 2007: 98).

Bibliografia citada:

ARRUDA, A. M. (2004) – “Necrópoles proto-históricas do Sul de Portugal: o mundo oriental e orientalizante”. In El Mundo Funerario. [Actas del III Seminario Internacional sobre Temas Fenicios.Homenagem a M. Pellicer Catalán, Alicante, p. 457-494.
BEIRÃO, C. de M. (1986) – Une civilization protohistorique du Sud du Portugal (1er Age du Fer), Paris: De Boccard.
CORREIA, V. H. (1996) – A Epigrafia da Idade do Ferro do Sudoeste da Península Ibérica [Patrimonium/Arqueologia], 1. Porto: Edições Etnos.
CORREIA, V. H. (1997) – "A epigrafia pré-latina de Bensafrim", O Arqueólogo Português. Lisboa: MNA. IV Série, vol. 13-15, p. 181-209.
CORREIA, V. H. (1997) – “As necrópoles algarvias da I Idade do Ferro e a escrita do Sudoeste". In Barata, M. F. (coord. Edit.), Noventa Séculos entre a Serra e o Mar, Lisboa: Instituto Português do Património Arquitectónico, p. 265-279.
MACHADO, J. L. S. (1964) – “Subsídios para a História do Museu Etnológico do Dr. Leite de Vasconcellos”. O Arqueólogo Português, Lisboa: MNA. Vol. II – V, p. 51 - 448.
PARREIRA, R. e BARROS, P. (2007) – “Necrópoles do Algarve no 2º e 1º milénios ane”. Xelb Silves: CMS. Nº. 7, p. 89-102.
ROCHA, A. dos S. (1896) – “A necrópole protohistorica da Fonte Velha, em Bensafrim, no concelho de Lagos”. Revista de Sciências Naturaes e Sociaes. Porto, 4, p. 129-145.
ROCHA, A. dos S. (1904) – Boletim da Sociedade Archeologica Santos Rocha. Nº 1. Figueira: Imprensa Lusitana.
VASCONCELLOS, J. L. de (1897) – Religiões da Lusitania na parte que principalmente se refere a Portugal. Vol. I-III. Lisboa: Imprensa Nacional.
VASCONCELLOS, J. L. de (1899-1900) – “Novas inscripções ibéricas do Sul de Portugal”, O Arqueólogo Português, Lisboa: MNA. 1ª Série: 5, p. 40-42.
VEIGA, S. P. M. Estácio da (1886/ 1891) – Antiguidades Monumentaes do Algarve, I, II, III e IV. Lisboa: Imprensa Nacional.
VIANA, A., FERREIRA, O. da VEIGA & FORMOSINHO, J. (1955) – “Estudos arqueológicos nas Caldas de Monchique: relance das explorações nas necrópoles da Idade do Bronze, do ano de 1937 ao de 1949”. Trabalhos de Antropologia e Etnologia, Porto: SPAE, 15, fasc. 1-2, p. 17-54.
VIANA, A., FORMOSINHO, J. & FERREIRA, O. da Veiga (1953) – “Algumas notas sobre o Bronze Mediterrânico do Museu Regional de Lagos”. Zephyrus, Salamanca: Universidad de Salamanca, 4, p. 97-117.




[1] Agradecemos as informações prestadas por Carlos Pereira sobre a localização aproximada da necrópole da Fonte Velha de Bensafrim.


quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Estácio da Veiga e a “escrita do Algarve”

Um século depois de Frei Manuel do Cenáculo, o grande impulso no estudo da escrita do Sudoeste deve-se sobretudo aos trabalhos do arqueólogo algarvio Sebastião Philippes Martins Estácio da Veiga (1828-1891), que procurou a correlação das estelas com escrita do Sudoeste e o mundo das necrópoles da Idade do Ferro.

Terão sido os contactos estabelecidos entre Estácio da Veiga e o investigador alemão Emil Hübner (1834-1901), que em 1861 visita Portugal no âmbito do seu projecto de investigação Corpus Inscriptionum Latinarum, que provocaram no arqueólogo algarvio o interesse pelas antiguidades (Fabião, 2011: 140). Após a publicação de alguns trabalhos, onde se destaca de forma precursora uma concepção em que “o passado é encarado como uma continuidade” e que deve haver uma “indissociável ligação entre [o estudo d]os elementos móveis (…) e o local do seu achado” (Fabião, 2011:141 e 142), foi então incumbido oficialmente da Carta Archeológica do Algarve (1877). Nesta obra sistematiza a informação dos vestígios arqueológicos então existentes, uma novidade à época e que resulta ainda hoje numa referência obrigatória: as Antiguidades Monumentais do Algarve (1886-1891). É por isso considerado o primeiro arqueólogo profissional português (Fabião, 2011:139).
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É no decorrer deste trabalho que são identificadas, entre o interior e o limite sul do barrocal algarvio, diversas estelas. A maioria, quatro estelas com escrita do Sudoeste confirmadas e uma outra com reservas nessa atribuição, são recolhidas nas escavações que Estácio da Veiga desenvolve em Março de 1878 na necrópole de Fonte Velha de Bensafrim (Lagos), sítio que, posteriormente em 1895, António dos Santos Rocha (1853-1910) volta a intervencionar, identificando então outra estela.

De referir ainda a identificação por Estácio da Veiga em Cômoros da Portela (São Bartlomeu de Messines, Silves) de mais dois fragmentos de laje “de grés vermelho escuro” que podem pertencer a uma única estela (J.4.4). Na visita que faz ao local descreve que “as sepulturas estavam já em grande parte destruídas pelos lavradores” (Veiga, 1891: 259 e 286). Da sua autoria é também a indicação da existência de uma estela que, com muitas reservas, tem caracteres atribuíveis à escrita do Sudoeste, proveniente de Martinlongo, Alcoutim (Veiga, 1891:287). A partir de uma carta do Dr. Abel da Silva Ribeiro, refere também a notícia de que perto de Beja teriam sido encontradas outras “duas losas” com “caracteres gravados grosseiramente” e que por exclusão de partes foram considerados serem “os peninsulares” (Veiga, 1891: 202). Até aos dias de hoje, estes achados e sítios arqueológicos, situados a sua maioria no Barrocal Algarvio, delimitam o limite Sul das estelas com escrita do Sudoeste.

Fragmentos de estelas de Cômoros da Portela (Veiga, 1891: est. XXXVII) 
e sua reconstituição (Untermann, 1997:230 – J.4.4).

Epígrafe de Martinlongo (Untermann, 1997:108).

 
A importância destas estelas com escrita do Sudoeste, e provavelmente os contactos estabelecidos entre Estácio da Veiga e o investigador alemão, resultaram na sua inclusão na obra sobre escritas e línguas pré-romanas publicada em 1893 por Emil Hübner, Monumenta Linguae Ibericae, ainda hoje um importante marco na investigação sobre o tema.

Estes achados resultaram na adjectivação da escrita como sendo “do Algarve”, igualmente referida como “escrita ibérica”, “escrita turdetânica” ou “escrita tartéssica” (Correia, 1997: 265). A definição conceptual desta escrita arrastou-se pelo menos até à primeira metade do século XX, onde era ainda assumida como “inscrições ibéricas do Algarve” (Machado, 1964: 69). Só com a resolução de algumas questões científicas relacionadas com outros conceitos associados ao tema e com a localização de mais exemplares num âmbito geográfico mais alargado entre o Alentejo e o Algarve, foi sendo assumida como “escrita do Sudoeste”, sobretudo a partir da década de 70 do século XX.

Todos estes achados algarvios de finais do século XIX ocorreram no início da arqueologia científica, que começava a privilegiar a escavação com base numa sequência estratigráfica segundo as leis geológicas, mas que muitas vezes se limitava à abertura do terreno com o objectivo de atingir a maior área possível e à recolha dos artefactos mais apelativos. Contudo, a quase ausência de escavações arqueológicas nos sítios de proveniência das estelas com escrita do Sudoeste e a natureza do trabalho em Fonte Velha de Bensafrim não permitem ter uma precisão concreta quanto aos contextos das estelas e à sua associação primária aos monumentos funerários, elementos essenciais nos dias de hoje, quando se procede não apenas a uma sistematização da informação arqueológica mas também ao debate deste tema.

Contrariamente ao pioneirismo demonstrado na metodologia de trabalho, nas conclusões obtidas noutros temas, e na cautela tida na interpretação do que ai estaria escrito referindo que “não sei ler nem tento querer ler estas inscripções” (Veiga, 1891: 302), as conclusões sobre a escrita do Sudoeste, assunto à data propício à especulação, não são motivo para recordar, pondo em causa o mérito do seu trabalho de muitos anos (Guerra, 2007: 113). Estácio da Veiga considerou, no capítulo VII do último volume das Antiguidades Monumentaes do Algarve (1891), haver uma diferença entre as estelas alentejanas e as algarvias, numa interpretação ultrapassada já pelas ulteriores investigações sobre estes materiais e período cronológico. As primeiras, publicadas por Frei Manuel do Cenáculo e identificadas entre Ourique e Almodôvar, eram consideradas por Estácio da Veiga como sendo da Idade do Bronze, pela sua associação aos estoques de bronze. Análises posteriores revelaram que apenas um estoque é deste material (Guerra, 2007: 107). Já as epígrafes do Algarve eram associadas à Idade do Ferro (Veiga, 1891: 204-207).

Esta leitura, negada pelo errado enquadramento dos estoques – apesar do reconhecimento de uma mesma escrita, em diferentes épocas e regiões, pretendia apoiar uma visão que opunha de forma obstinada Estácio da Veiga aos ”orientalistas” e à adscrição fenícia da escrita. O arqueólogo algarvio era defensor de uma maior antiguidade desta escrita, chegando mesmo a considerar uma origem Pré-Histórica, “em pleno periodo neolithico”, suportado pelo que considerava ser um paralelo nos “grafitos” cerâmicos da Cueva de Los Murciélagos (Granada) e desta forma existir uma inversão da influência da escrita. Estácio da Veiga defendia assim o aparecimento desta escrita na Península Ibérica e a sua deslocação posterior para o oriente, ciente que seria declarado “herectico” perante a “invectiva da vaidade offendida” dos que chamava serem “mais phenicios que os proprios phenicios” (Veiga, 1891: 327).


Bibliografia citada:
CORREIA, V. H. (1997) - As necrópoles algarvias da I Idade do Ferro e a escrita do Sudoeste. In Barata, M. F. (coord. Edit.), Noventa Séculos entre a Serra e o Mar, Lisboa: Instituto Português do Património Arquitectónico, p. 265-279.
FABIÃO, C. (2011) – Uma História da Arqueologia Portuguesa. S.L: CTT Correios de Portugal
GUERRA, A. (2007) – Estácio da Veiga e as prespectivas oitocentistas sobre a escrita do Sudoeste. Xelb, Silves: Câmara Municipal de Silves. Vol. 7, p. 103–114.
MACHADO, J. L. S. (1964) - Subsídios para a História do Museu Etnológico do Dr. Leite de Vasconcellos. O Arqueólogo Português, Lisboa: Museu Nacional de Arqueologia. 2ª Série, nº V, p. 51 - 448.
UNTERMANN, J. (1997): Monumenta Linguarum Hispanicarum, Band IV. Die tartessischen, keltiberischen und lusitanischen Inschriften. Wiesbaden: Dr. Ludwig Reichert Verlag.
VASCONCELLOS, J. L. de (1897) - Religiões da Lusitânia. Vol. I. Lisboa: Imprensa Nacional.
VASCONCELLOS, J. L. de (1913) - Religiões da Lusitânia. Vol. III. Lisboa: Imprensa Nacional.
VASCONCELLOS, J. L. de (1899-1900) - Novas inscripções ibéricas do Sul de Portugal, O Arqueólogo Português, Lisboa: MNA. 1ª Série: 5, p. 40-42.
VEIGA, S. P. M. Estácio da (1891) - Antiguidades Monumentaes do Algarve, IV. Lisboa: Imprensa Nacional.