quinta-feira, 30 de maio de 2013

“Arqueologia e escrita do Sudoeste” no Festival de Caminhadas do Algarve

 
Um dos percursos pedestres previstos no 1º Festival de Caminhadas do Algarve era dedicado à “Arqueologia e escrita do Sudoeste”. Na tarde do dia 27 de Abril, mais de 20 pessoas percorreram cerca de 4km ao longo da ribeira do Vascanito. Foram visitados os sítios arqueológicos da Várzea dos Mendes e Vale dos Vermelhos.
 
 
 
 
O sítio da Várzea do Mendes, localiza-se na entrada da grande várzea do Vale de Vermelhos (Loulé), num meandro da margem direita dessa ribeira já do lado de Almodôvar. O local revela uma ocupação romana e medieval/ moderna possivelmente habitacional. Porém numa outra zona constataram-se alguns materiais da Idade do Ferro, como um vaso cerâmico remetendo para cronologias dos séculos VI a IV a.C., que podem estar associados a uma necrópole.
 
 
A necrópole do Monte ou Vale dos Vermelhos encontra-se na outra extremidade da grande várzea, sob a linha divisória entre Loulé – a que pertence – e Almodôvar. Localiza-se praticamente sobre a Ribeira do Vascanito, afluente da Ribeira do Vascão, cujo leito de cheia da mesma tem provocado a sua afectação gradual, complementada com o caminho que a sobrepõe. A grande dimensão da necrópole revelada pela decapagem realizada na década de 70 do século XX por Caetano Mello Beirão permite observar alguns eixos ortogonais que definem sepulturas quadrangulares, alguns dos materiais típicos usados na sua construção: blocos de xistos grauvaques, “talisca” de xisto azul, alguns quartzos e uma mó. 
 
 
No primeiro dos sítios foi identificada uma estela com escrita do Sudoeste e no segundo são conhecidas três, a primeira antes de 1929 e que terá sido encontrada numa “corte” (curral).
 
 
Para além das explicações em torno da escrita do Sudoeste e sobre o seu período cronológico, desenvolveram-se aspectos vários: como viviam estas comunidades e quais os seus ritos funerários; a história da identificação destes sítios através dos monumentos epigráficos; ou como se identifica um sítio arqueológico e algumas das características que estes revelam para se distinguirem na paisagem.
 

Uma agradável caminhada e conversa sobre este mundo que inspirou o grafismo do Festival, usado também nas indicações dos equipamentos, das instalações da organização e os locais de realização de eventos.
 


A promoção deste Festival pela Câmara Municipal de Loulé, com a organização da ProActiveTur, foi também divulgada em formato vídeo.
 
 

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Conferência “A investigação sobre a escrita do Sudoeste no concelho de Loulé”

 
Conforme foi aqui noticiado, no âmbito do ciclo de conferências “Antiguidade em Loulé”, promovido pelo Arquivo Municipal de Loulé foi apresentada no dia 13 de Abril a conferência com o título: “A investigação sobre a escrita do Sudoeste no concelho de Loulé”.
 
 
Junto apresenta-se o respectivo resumo:
 
"O primeiro fragmento de uma estela com escrita do Sudoeste do concelho de Loulé foi encontrado em 1897. Mais de uma centena de anos depois, a identificação destes monumentos epigráficos deve-se ao precioso contributo de inúmeros louletanos, investigadores e apaixonados pela arqueologia, como o Prior de Salir, José Rosa Madeira, José Viegas Gregório, Isilda Martins e Victor Borges.
 
A eles se juntam ainda inúmeros outros investigadores como Ataíde de Oliveira, José Leite de Vasconcelos, Manuel Gómez de Sosa, Caetano de Mello Beirão, que contribuíram para a identificação de dezassete estelas repartidas pelos conjuntos de Benafim/ Salir e do Ameixial e para a investigação daquela que é a mais antiga escrita da Península Ibérica e uma das mais antigas da Europa.
 
Ainda por decifrar, a escrita do Sudoeste é a voz que nos aproxima dos pensamentos e modos de vida do passado, um dos mistérios e um dos maiores tesouros da arqueologia europeia. Uma imagem de marca desta serra como símbolo privilegiado da herança histórica de Loulé e desse território entre o Algarve e o Baixo Alentejo".
 
 
Gostaríamos ainda de agradecer à Câmara Municipal de Loulé e em especial à equipa do Arquivo Municipal que nos dirigiu o convite, nas pessoas de Susana Brás, Nelson Vaquinhas, Rita Moreira e Luísa Martins. Bem como à atenciosa presença de Isilda Martins que colaborou no debate sobre estes temas e os investigadores envolvidos.
 

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Exposição I: “Quem nos escreve desde a serra”




Em Salir, no dia 9 de maio, às 18h00 será inaugurada a exposição de rua itinerante que tem como tema as estelas com escrita do Sudoeste e a Idade do Ferro na serra do Algarve.

Na Península Ibérica, há mais de 2500 anos, os povos do Sul de Portugal e da Andaluzia transformaram e adaptaram o alfabeto fenício e criaram uma escrita própria da língua falada na região, a escrita do Sudoeste, cujos vestígios se concentram na serra do Algarve.

Pretende-se agora divulgar os materiais arqueológicos provenientes do concelho de Loulé e dar a conhecer a investigação realizada sobre este período, a escrita, o modo de vida e da morte.

No âmbito desta exposição será ainda exposta ao público, no Pólo Museológico de Salir e pela primeira vez, a estela com escrita do Sudoeste encontrada no Viameiro (Salir).

A escrita do Sudoeste é uma realidade histórica de cariz excepcional, uma imagem de marca da serra e um símbolo privilegiado da herança histórica do Algarve, pois trata-se da mais antiga manifestação de escrita da Península Ibérica que, ainda hoje, está por decifrar.