sábado, 28 de março de 2015

Workshop de serigrafia inspirado na "escrita do Sudoeste"


Nos dias 11 e 12 de Abril vai realizar-se em Loulé um workshop intitulado Serigrafia com a "escrita do Sudoeste", no âmbito do projecto Loulé Criativo, organizado pela Câmara Municipal de Loulé, a Creative Tourism Network” e a ProActiveTur. Este curso de curta duração será conduzido pelo facilitador Miguel Cheta que trabalha em artes plásticas e design.
 

Assim, tal como ocorreu em 2014, a “misteriosa escrita do Sudoeste, aquela que é a primeira manifestação de escrita da Península Ibérica e uma das mais antigas da Europa, é o motivo para um fim-de-semana de criações recorrendo à técnica da serigrafia.”
 

Conforme é descrito no programa, o “processo serigráfico consiste em utilizar uma tela que transfere a imagem colorida para o tecido ou papel.” E este “workshop irá desenvolver todas as fases de produção, desde o projeto, à elaboração dos fotolitos e à abertura dos quadros, terminando na impressão.” No final, cada participante levará “uma t-shirt e as impressões em papel criadas por si.”
 

Depois de uma breve visita às estelas com a escrita do Sudoeste que se encontram no Museu Municipal de Loulé, o Estúdio Inbetween vai ser o “espaço onde se irão realizar as atividades”, um “lugar de partilha e de convívio” durante estes dias.
 

Os lugares são limitados atendendo ao espaço e as inscrições podem realizar-se até 3 de Abril. Este workshop deverá repetir-se nos dias 17 e 18 de Outubro de 2015.
 

O Turismo Criativo é considerado como a “nova geração de turismo”, pretende que haja uma participação activa na cultura, nas tradições, no modo de vida local, incorporando a identidade dos lugares, mas também interagindo com as pessoas que aí residem. Este tipo de turismo está a crescer significativamente pelo mundo inteiro.
 

A Autarquia de Loulé que se encontra a desenvolver este Projecto de Turismo Criativo, apresenta um programa diversificado ligado ao artesanato, artes, ritmo, gastronomia e património, e é promovido em parceria com agentes locais: empreendedores, artesãos, empresas e artistas.
 

 

domingo, 22 de março de 2015

Olhar 2014 e traçar 2015


Durante o ano de 2014 o Projecto ESTELA continuou a contribuir para a investigação realizada em torno da escrita do Sudoeste e a consolidar a divulgação do tema e do projecto.
 

Em termos científicos, participou-se no Colóquio "A Herança de Frei Manuel do Cenáculo, 200 Anos Depois: Perspectivas de Futuro", organizado pelo Museu de Sines, o Museu Nacional de Arqueologia e o Instituto de História de Arte da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Neste foi apresentada a comunicação: “Frei Manuel do Cenáculo Villas-Boas: um pioneiro no estudo da epigrafia Pré-Romana dos Campos de Ourique”, onde se deu a conhecer o papel do que foi considerado por alguns como o primeiro arqueólogo português e que procedeu à primeira relação de um conjunto de estelas com escrita do Sudoeste.
 

Houve ainda lugar à participação na 19ª edição conferência do Ciclo de Conferências “Arqueologia e Antropologia… Territórios de Fronteira”, organizada pelo Grupo de Estudos em Evolução Humana da Universidade de Coimbra, o Núcleo de Arqueologia e Paleoecologia da Universidade do Algarve e o Museu Nacional de Arqueologia da Direcção-Geral do Património Cultural. A comunicação: “Entre túmulos e covachos, as práticas funerárias durante a Idade do Ferro nas necrópoles da Atafona e da Abóbada (Almodôvar)”, expôs os resultados obtidos da escavação e das práticas funerárias nas necrópoles da Abóbada e da Atafona (Almodôvar).
 

Foi ainda apresentada uma comunicação na "Mesa Redonda sobre Turdetânia e Turdetanos", organizada pelo Museu da Lucerna, a Cortiçol e o Município de Castro Verde. Nesta apresentou-se a palestra “Entre as fronteiras da Serra e da escrita do Sudoeste, o contributo do Projecto ESTELA”, onde se pretendeu contribuir para a revisão dos conhecimentos sobre a escrita do Sudoeste, as relações entre os espaços habitacionais, o mundo funerário e as inscrições, e compreender se estes elementos podem revelar construções identitárias.
 

O artigo “As Estelas com escrita do Sudoeste do concelho de Loulé”, no nº 14 da Revista do Arquivo Histórico Municipal de Loulé: Al-úlyá foi publicado durante o presente ano, tendo sido apresentada publicamente por Guilherme Oliveira Martins. Neste artigo sistematiza-se a investigação sobre a escrita do Sudoeste no concelho de Loulé e os contributos dos louletanos, investigadores e apaixonados pela arqueologia para a recolha de estelas com escrita do Sudoeste desde 1897.
 

Os trabalhos arqueológicos no sítio arqueológico da Portela da Arca (Almodôvar), tal como ocorreu em 2012 e 2013, continuaram a ser divulgados em 2014 tendo-se assegurado a reportagem diária da campanha. Foi durante esta altura que se registou a maior subida de gostos à página de Facebook do Projecto ESTELA. No final dos trabalhos arqueológicos promoveu-se junto da população e de outros interessados a visita guiada ao sítio arqueológico. Este evento funcionou em articulação, e nos mesmos moldes, com a divulgação da intervenção realizada no sítio das Mesas do Castelinho, divulgação esta que atingiu mais de 3000 pessoas e aquela que recebeu mais gostos durante todo o ano de 2014. Ambos chegaram mesmo a contar com divulgação no jornal Sul Informação que habitualmente acompanha as iniciativas do Projecto ESTELA.
 

Para além desta actividade, como programado, 2014 continuou a ser preenchido em eventos e acontecimentos que visam dar corpo à visão social do Projecto. Assim, as acções de valorização, divulgação, educação e fruição não se resumiram à apresentação dos resultados da investigação científica.
 

A continuação da participação do Projecto ESTELA na organização do 2º Festival de Caminhadas do Algarve, com grafismo inspirado na escrita do Sudoeste, para além das actividades ligadas ao ambiente, cultural e às pessoas, teve outras dedicadas ao Património, nomeadamente à manifestação cultural inspiradora e à ciência arqueológica. Assim, foram realizados dois percursos de caminhada, um em colaboração com a Liga de Protecção para a Natureza e outro dedicado à escrita do Sudoeste. Houve ainda mais outros três acontecimentos, uma visita guiada à exposição de rua itinerante “Quem nos escreve desde a Serra”, um Peddy Papper para famílias dedicado à escrita do Sudoeste e uma “escavação arqueológica” para crianças, realizada em parceria com a Câmara Municipal de Loulé.
 

A sequência da itinerância da exposição “Quem nos escreve desde a Serra” continuou a ser um dos aspectos mais significativos. Depois do Ameixial, a sua inauguração na cidade de Quarteira no dia 1 de Agosto permitiu que fosse vista pelos milhares de turistas que se encontravam de férias no Algarve naquela altura do ano. Nesta inauguração houve a particularidade de se ter realizado uma performance de pintura mural com o objectivo de criar uma abordagem contemporânea do tema que foi protagonizada pelo artista plástico El Menau, conforme reportagem fotográfica. Deste evento resultou a fotografia que teve mais visualizações e alcance na página do Facebook.
 

A desconstrução do tema da escrita do Sudoeste também foi o recurso utilizado na iniciativa Turismo Criativo, realizada em Loulé através de uma oficina de serigrafia intitulada "Elementos gráficos da escrita do Sudoeste", onde após visita às estelas com a escrita do Sudoeste que se encontram no Museu Municipal de Loulé foi realizado um atelier de serigrafia com o artista plástico Miguel Cheta.
 

Estas novas perspectivas plásticas também incluíram a estela com escrita do Sudoeste da Abóbada no concurso internacional “Young Scenographers Contest” intitulado: «One Object – Many Visions – EuroVisions». Esta peça será um dos 22 objectos europeus alvo de distintas abordagens, através de novos meios de apresentação ou de novos enquadramentos cenográficos.
 

Em 2014, houve ainda oportunidade de participar na exposição “Coleção de Arqueologia José Rosa Madeira: de volta a um passado”, organizada pela equipa do Museu Municipal de Faro e que contou na comissão científica com a Universidade do Algarve e o Projecto ESTELA. Com ampla interação no Facebook, a inauguração da exposição contou com uma reportagem fotográfica. Esta é dedicada ao investigador louletano José Rosa Madeira e à sua colecção de 90 objectos arqueológicos, postumamente entregues ao Museu Municipal de Faro.
 

O Festival TocA’Andar foi outro evento que associou o Ambiente e a Natureza, para além de promover actividades como percursos pedestres (a pé, de bicicleta, equestres), oficinas e ateliers, e contou com a participação do Projecto ESTELA na apresentação da estela do Viameiro (Loulé). Esta estela serviu de inspiração ao projecto da nova sinalética para a Rede de Percursos Pedestres de Tavira e à realização de uma actividade para famílias, onde os participantes são convidados a "escreverem" a escrita do Sudoeste numa "estela". A iniciativa teve vários aderentes conforme reportagem fotográfica.
 

Já nas Jornadas Europeias do Património foi organizada a actividade em parceria com o Museu Nacional de Arqueologia e a equipa EuroVision Museum Exhibiting Europe. O atelier lúdico/oficina pedagógica “Cada estela, uma tela” foi dirigido a famílias e incluía uma breve explicação sobre as estelas com escrita do Sudoeste e a Idade do Ferro, base para que depois se utilizassem os signos da escrita e fazer a sua equivalência com as letras do nome ou das palavras que se queriam escrever, em suportes como a pedra e o papel.
 

Houve ainda lugar à participação na Mesa Redonda: “Património & Turismo Sustentável - Património Cultural Material e Imaterial: Desafios e Oportunidades”, organizada pela Associação In Loco, onde se apresentaram formas inovadoras de utilização sustentada do património material e a perspectiva do Projecto ESTELA na integração deste recurso nas estratégias de promoção do território e na afirmação da identidade cultural local e regional. 
 

Para além destas actividades, houve a divulgação de alguns eventos onde a escrita do Sudoeste marcou presença, nomeadamente nas comemorações da Noite dos Museus e do Dia Internacional dos Museus do Museu Municipal de Loulé, onde se realizaram visitas orientadas para uma das estelas do concelho e uma oficina de escavação arqueológica de uma sepultura. E outra ocasião anunciada foi a inauguração da exposição evocativa de “Frei Manuel Do Cenáculo: o criador do primeiro museu português no bicentenário da sua morte” e do “Roteiro de Frei Manuel do Cenáculo”.
 

O destaque da primeira página do Diário do Alentejo com o título: “A escrita que vem dos confins dos tempos” foi uma reportagem jornalística bastante importante, já que se teve a oportunidade de se fazer um ponto de situação em torno desta escrita, assim como dos Projectos ESTELA e Mesas do Castelinho.
 

No Blog, o ano de 2014 foi aquele que mais notícias teve publicadas, ficando à beira dos 50 registos. Por seu lado, no Facebook e durante todo o ano, destaca-se um crescimento equivalente ao que ocorreu nos primeiros meses da criação da plataforma durante 2013. Assim, no final do ano são perto de 1000 pessoas as que gostam da página do Projecto ESTELA e as mensagens contam com um alcance médio anual de quase 250 pessoas.
 

Para o ano de 2015, do ponto de vista da investigação científica, impõe-se a renovação do projecto, assegurando as suas linhas mestras, ou seja, de contribuir para o conhecimento da Idade do Ferro na região e compreensão do fenómeno da escrita do Sudoeste. Já a divulgação social destes trabalhos irá manter a realização de exposições (itinerância das existentes ou com a criação de novas), materializar as iniciativas ligadas ao Turismo de Natureza, concretizar as acções ligadas à educação, à inovação e aos museus. A estreita colaboração com as Autarquias de Almodôvar e Loulé, bem como com novos parceiros, será fundamental para a concretização deste plano de actividades.
 

Desta forma, continuamos a ambicionar o fortalecimento de uma relação de identidade das pessoas com o seu património, criando as bases para que as estelas com escrita do Sudoeste, um dos maiores ícones da Idade do Ferro do Sul de Portugal, se assumam como uma imagem de marca da Serra do Algarve e do Baixo Alentejo.